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Há muito tempo só se fala nisso

Atualizado: 30 de ago. de 2022


O que são o amor e o ódio? O que diz a psicanálise sobre o assunto? Vamos começar a pensar.



“É no amor que a psicanálise se abanca”

(Lacan, 1970)


O meu ano* de estudos e pesquisa no Vox foi pautado pela leitura concomitante de dois seminários: A Transferência, na atividade de leitura dos Seminários e Encore, no grupo de pesquisa sobre os ódios. Seminários bastante distintos na abordagem, mas que têm em comum o tema do amor.

[...] porque o amor, ele sim, demanda o amor, e não cessa de demandá-lo e de demandá-lo sempre mais (encore). Encore, este é o nome próprio dessa falha de onde, no Outro, parte a demanda de amor. (Lacan, 2010, p. 16)

Assim sendo, resolvi fazer uma ponte entre esses dois seminários e trazer para esta jornada alguns trechos de Encore, no qual Lacan retoma o discurso filosófico sobre o amor, indaga qual a contribuição própria da psicanálise para o tema, concluindo que seria a ideia de Hainamoration (odioamoração)[1]. Vejamos como ele situa a questão:

[...] Temos de articular, este ano, aquilo de que se trata e que está bem aí, como pivô de tudo o que se instituiu pela experiência analítica: o amor. O amor, há muito tempo que só se fala disso. Será preciso acentuar que ele está no centro, no cerne, muito precisamente do discurso filosófico, e que certamente está aí o que nos deve pôr de sobreaviso (Lacan, 2010, p. 108)

Não vou abordar a formalização de Hainamoration porque esse é o tema da minha pesquisa sobre o ódio, que será apresentada no final deste semestre com o grupo de pesquisa.

Lacan começa a lição do dia 20 de fevereiro de 1973 cumprimentando os autores de um livro produzido com a intenção de criticar o seu texto A Instância da Letra. Aliás, segundo ele, um livro escrito com as piores intenções, mas, visto por um certo ângulo, cheio de amor, porque ele nunca se sentiu tão bem lido, nem mesmo por seus alunos, levando-o a depreender que tais críticos respeitaram as condições para uma boa leitura, ou seja, impor limites a si mesma, situando-se quanto a um texto e exercer a dessuposição de saber.

Não significa dizer que certas coisas tenham ou não escapado a eles, que não tenham ficado confusos justamente quanto ao discurso analítico, enquanto abordagem da verdade e de seus paradoxos. Todavia, é justamente nesse ponto que Lacan pede que seus alunos se detenham, nas conclusões impertinentes desses autores. Porque “Até essas conclusões [...] só posso reconhecer um valor de esclarecimento, de luz, inteiramente impressionante” (Lacan, 2010, p. 141)

Lacan avança relembrando o que já havia enunciado em sua aula anterior, que entre os sexos, no ser falante, não há relação sexual, porque é somente a partir daí que se pode enunciar o que faz suplência a essa relação, o amor. E nesse ponto, o discurso analítico se diferencia, tendo em vista que, do lado da filosofia, o amor de Deus ocupou um certo lugar e não podemos deixar de levar isso em conta.

A ideia partiu de uma metáfora que nasceu no biológico, o Eros definido como fusão daquilo que, de dois, faz um. Assim, aos poucos se supôs que de uma multidão poderia se fazer um. “[...] vocês aqui reunidos não fazem um, não há nenhuma chance de serem um, nem comungando em minha palavra” (Lacan, 2010, p. 142). Lacan, faz uma clara referência à ideia cristã de que os que comungam no corpo de Cristo se tornam um, a igreja enquanto corpo espiritual. São Tomás de Aquino, inspirado em Aristoteles, mostrou “[...] que a unidade (mais do que a individualidade), é a razão de ser, a medida e o ideal do amor [...]” (Lacan, 2010, p. 162).

Esse Um precisa ser interrogado no nível da língua, tal como o inconsciente é estruturado, como o faz o nosso discurso, um discurso novo, diz Lacan, [...] que traz ao campo do Eros o que vem de nossa experiência (2010, p. 143).

Há Um, e justamente, já que não há relação, Há Um e Um sozinho.

É daí que se apreende o nervo do que concerne ao que afinal temos de chamar pelo nome com o qual a coisa ecoou ao longo dos séculos, ou seja, o amor. Na análise, só temos de lidar com isso. E não é por uma outra via que ela opera, via singular, pois só ela permitiu ressaltar aquilo que eu, que lhes falo, acreditei que devia sustentar, quero dizer essa transferência, e especificamente na medida em que ela não se distingue do amor, com a fórmula: o sujeito suposto saber. E então, penso que ao longo do que hoje vou ter de enunciar, não posso deixar de marcar a ressonância nova que pode adquirir para vocês, em tudo o que vai se seguir, esse termo: saber.

Talvez, mesmo no que, há pouco, vocês me viram flutuar, recuar, hesitar em fazer tomar um sentido ou o outro, o do amor ou o do que ainda é chamado de ódio [...] (Lacan, 2010, p. 143).

Muitas pessoas me cumprimentam, diz Lacan, por ter sabido afirmar que Deus não existe. O Outro proposto em A Instância da Letra como o lugar onde a palavra só pode se inscrever como verdade, esse Outro foi a maneira de laicizar, de exorcizar Deus. Hoje, eu vou, talvez, lhes mostrar, “[...] justamente, ele existe, esse bom velho Deus” (Lacan, 2010, p. 14). O que provocará a indignação de alguns materialistas, ele adverte, afinal Deus será colocado como terceiro no amor humano.

Isso se explica pelo caminho aberto por Aristoteles e desenvolvido por São Tomás, sobre o gozo do ser:

[...] o primeiro ser do qual temos o sentimento é nosso ser, e tudo o que é para o bem de nosso ser será, por esse fato, gozo do Ser Supremo, isto é, de Deus. E que amando Deus, para dizer tudo, é a nós mesmos que amamos. E que nos amando primeiro a nós mesmos – ‘caridade bem ordenada ...’ como se diz - prestamos a Deus a homenagem que convém (Lacan, 2010, p. 148).

Lacan conta que há 20 anos explora o pensamento filosófico sobre o que, ao longo do tempo, se elaborou sobre o amor. Com o Abade Rousselot[2], se descobre que na Idade Média existiam duas concepções de amor: o amor físico e o amor extático. Gilson[3] mostra que o amor em Aristóteles talvez seja tão extático quanto em São Bernardo e depois com Nygrens[4], que escreveu Eros e Ágape, se percebe que é verdade que no cristianismo inventamos um Deus, “[...] que é ele quem goza!” (apud Lacan, 2010, p. 153).

Ao ler uma mística, uma Beguina, Hadewijch d’Anvers[5], que é algo de sério, como São João da Cruz, um macho colocado do lado do não todo, se vê que eles experimentam a ideia de que em algum lugar poderia haver um gozo que estivesse além, explica Lacan.

No entanto, é importante observar, que amor extático é extremamente violento e extremamente livre, porque não se encontra outra razão para ele, a não ser ele mesmo, ele tiraniza os apetites naturais, parece que só pode ser satisfeito pela destruição do sujeito que ama, por sua absorção no objeto amado. Diz Lacan, “[...] tudo no homem lhe é sacrificado, até a felicidade e até a razão” (2010, p. 162).

No entanto, “Um místico pode confundir seu olhar contemplativo com o olhar com que Deus o olha” (Lacan, 2010, p. 154), como para Santa Teresa, retratada por Bernini numa estátua que está em Roma. Ela está gozando, mas os místicos sobre isso nada sabem. O grupo em torno de Charcot explicava a mística como histórias de sexo, mas na realidade não é isso. Tem a ver com o Outro, esse gozo que se experimenta e do qual nada se sabe, diz Lacan.

Gilson diz o seguinte: “Poder-se-ia então dizer do homem que ele tende, de fato, pelo amor, a tornar-se invisível, pois essa imagem de Deus só será plenamente ela mesma quando não se puder ver nela nada além de Deus [...]. Ela só se ama, então, por Deus.” (apud Lacan, 2010, p. 163).

Dax Nascimento, em A história Filosófica do Amor, corrobora essa ideia: “O ideal de fusão com o amado, seja ele quem for, implica necessariamente o autoaniquilamento do querer pessoal, a forma cristã tradicional pela qual se concebeu a possibilidade de negação da vontade” (2019, p. 153).

Não será isso que nos põe no caminho da ex-sistencia? E essa face do Outro, podemos interpretá-la, então, como a face de Deus? Questiona Lacan. Esse ser de significância[6] não tem outro lugar senão o lugar do Outro. E será que não foi assim, se castrando, renunciando ao amor que Kierkegaard pensou em alcançá-lo? Talvez, numa perspectiva eterna e não temporal, ele reservava para Regina um lugar diferente, não como um bem causado pelo objeto a. Talvez Regina sua amada ex-sistisse[7].

Na classe do dia 13 de março de 1973, Lacan relembra o filósofo grego Empédocles, do qual Freud se serviu. Segundo Empédocles, Deus seria o mais ignorante de todos os seres, o que nos leva à questão do saber, porque se ele não conhecesse o ódio tão pouco conheceria o amor. Por outro lado, o cristianismo transformou o não ódio de Deus em amor, e a partir daí, a “correlação que a religião estabelece entre ódio e amor não nos deixam abordar a questão como ela é, ou seja, de que não se conhece amor sem ódio” (Lacan, 2010, p. 184).

Foi o que mais tarde os cristãos transformaram em dilúvios de amor, mas infelizmente isso não cola, porque não conhecer o ódio é também não conhecer o amor. Se Deus não conhece o ódio, está claro, para Empédocles, que ele sabe menos sobre isso do que os mortais. (Lacan, 2010, p. 181, grifo meu).

Com isso, Lacan conclui que não se pode mais odiar a Deus, se ele mesmo não sabe nada, e talvez Cristo o tenha salvado, devolvendo um pouco da presença do ódio.

Da mesma forma, propõe Lacan, quanto mais um homem se confundir com Deus para uma mulher, menos ele odeia e, “[...] nesse caso também [,] já que afinal não há amor sem ódio, menos ele ama.” (Lacan, 2010, p. 181, grifo meu)

Sobre esse assunto do ódio, nós estamos tão sufocados, que ninguém percebe que um ódio, um ódio sólido dirige-se ao ser, ao próprio ser de alguém que não é, forçosamente, Deus. Ficamos então - e é bem por isso que eu disse que o pequeno a é um semblante de ser - ficamos com a noção - e é aí que a análise, como sempre, é um pouco claudicante - ficamos com o ódio ciumento, aquele que jorra da jalouissance[8], aquele que s 'imageaillisse[9] do olhar, em Santo Agostinho[10], quando ele observa o garotinho (Lacan, 2010, p. 195).

Há saber, mas o amor não se dirige a ele, o amor se dirige do semblante e se alcança abraçando o objeto a, causa de desejo. “O ser não é sem importância, ele é suposto a esse algo, a esse objeto que é pequeno a.”. “Essa discordância do saber e do ser é o que é nosso tema” (Lacan, 2010, p. 186), aí a psicanálise se distingue da filosofia.

Portanto:

[...] o amor que, ao contrário do que a filosofia elucubrou, não tem nada a ver com o saber, e o ódio, que é realmente o que tem mais relação com o ser, o que se aproxima mais dele, o que eu chamo de 'ex-sistir'. Nada concentra mais ódio do que esse dizer, onde se situa o que eu chamo de 'ex-sistência'. (Lacan, 2010, p. 244).

Não podemos deixar de nos interrogar sobre o fundamento, o princípio, do que nos trouxe o discurso analítico, o inconsciente. Ele é justamente o testemunho de um saber que escapa. O saber é um enigma que nos é presentificado por ele. O sentido do inconsciente é que não só o homem sabe tudo o que tem que saber, mas que esse saber é perfeitamente limitado a um gozo insuficiente.

Ora, o amor só subsiste pela contingência[11], mas o sujeito tende a fazer a negação disso por uma existência necessária[12] na direção da completude, que de dois se faça Um. Nesta negação, nesta substituição pela via do inconsciente, pela via da existência, se produz o drama do amor, porque desse encontro contingente o sujeito não quer saber.

O amor aborda o ser, e a relação do ser ao ser não é uma relação de harmonia, a beatitude que a tradição religiosa vê no amor, como vê Aristóteles um gozo supremo, não é mais do que miragem, conclui Lacan.

Será que não é aí que surge o que faz o ser, precisamente, algo que só se sustenta por se malograr (rater)? “Eu tinha um porteiro que tinha pelo rato (rat)[13] um ódio igual ao ser do rato” (Lacan, 2010, p. 276).

O discurso, maneira pela qual a linguagem se situa e estabelece laço, diz da condição do ser falante que é falhar, malograr. Para Lacan, o discurso analítico, visa ao sentido, e só pode dar a cada um o que de sentido cada um pode absorver, já que há um limite dado pelo gozo. Assim, o que o discurso analítico faz surgir é justamente a ideia de que esse sentido, que é semblante, indica muito precisamente a direção na qual ele fracassa.

Interrogando a tradição ontológica, Lacan diz:

A abordagem do ser, não será aí que reside o que em suma se revela ser o extremo do amor, o verdadeiro amor? O verdadeiro amor desemboca no ódio, seguramente, não foi a experiência analítica que fez essa descoberta, a modulação eterna dos temas sobre o amor traz suficiente reflexo disso (2010, p. 276).

E ainda clarifica:

[...] 'nunca' lhes disse isso, e eu noto hoje, é disso que se trata, eu noto hoje que nunca lhes disse isso. Mais exatamente, levo ao conhecimento de vocês essa observação, porque eu sempre me privei de fazê-la, por uma simples razão, é que eu nunca soube, e já faz vinte anos que articulo essas coisas para vocês, eu nunca soube se continuaria no próximo ano. Ah, isso faz parte de meu destino de objeto a (2010, p. 276).

Vou procurar resumir e articular da forma como eu compreendo. O amor se dirige ao ser que é suposto a (objeto a), ser que é efeito do dizer, fato de dito. Esse ser não é o ser da ontologia, não há ser a realizar, nem ser das coisas como substância. Esse ser só tem um lugar, o lugar do Outro, e só se abraça o Outro abraçando-se o pequeno a, causa de desejo. Por isso, Lacan deslinda que o ser é um semblante, uma aparência, de objeto a. O amor se dirige do semblante, ao semblante de ser. Entendo que o semblante está ligado, digamos, a uma construção de sentido em parte simbólica e em parte imaginária, articulada pelo sujeito em torno do objeto a, e assim malogra porque é possuidor de um limite. Limite marcado por um gozo, do qual nada se quer saber. É justamente isso que o discurso analítico mostra, que o sentido do semblante fracassa. E conforme Badiou disse, “[...] o real sempre se revela na ruína de um semblante” (2017, p. 22).

É importante assinalar que o objeto a, com o qual nos relacionamos, pivô da odioamoração, está no centro do espaço do ser falante, no centro do nó borromeano, e a partir da formalização matemática[14] e da topologia é possível entender o alcance do conceito odioamoração e seu uso na clínica; e entender por que Lacan dirá que nada atrai mais ódio do que a ex-sistência, que é a propriedade do real.

Isto posto, Lacan diria que os filósofos querem salvar a verdade, mas “[...] o analista é a presença do sofista em nossa época” (2006, p. 344), porém, com outro estatuto.

Barbara Cassin (2017) considera Lacan um sofista e Badiou o tem como um antifilósofo, uma vez que o centro do discurso sofista é que a verdade não existe; e em Lacan, a verdade existe, porém só pode ser semidita. Para Cassin, Lacan pensa como um sofista, porque o ser e a verdade são efeito de dizer. O ser é um fato de dito e o sentido se dirige do dizer ao ser. “Em Platão, a forma é esse saber que preenche o ser” (Lacan, 2010, p. 241), supõe-se que o ser saiba e que isso o mantenha.

Cassin considera que tanto a sofistica quanto a psicanálise lacaniana sustentam um discurso em sua relação rebelde com o sentido. Para essa autora, a “Nossa época é a do sujeito do inconsciente ligado à relação sexual que não existe, diferentemente do animal político grego, mas tanto um como o outro são, antes de tudo, viventes que falam” (2017, p. 51).

Cassin (2017, p. 107) ainda reputa que os sofistas e Lacan têm o mesmo outro, o regime filosófico. Ambos são contrários ao discurso “[...] que tenha o mesmo e único sentido” para si e para o outro.

Porém, ressalto que Lacan dá um passo além da pura retórica. Ele empreende uma pesquisa, uma busca, pelo que se institui a partir da experiência analítica no campo do amor. No seminário um ele disse: “O ódio é revestido em nosso discurso cotidiano sob muitos disfarces, ele se depara com essas racionalizações extraordinariamente fáceis” (Lacan, 2009, p. 361).

Em 1975, no Seminário RSI, Lacan chega a afirmar que o amor é odioamoração (1975, p. 61). Penso que nessa busca, nessa pesquisa sobre o amor, Lacan arrancou o disfarce do ódio e atinge o cerne da questão, recolocando o ódio em seu lugar.




Bibliografia


CASSIN, Barbara. Jacques, o sofista. Traduzido por Claudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.


BADIOU, Alain. Em busca do real perdido. Traduzido por Fernando Sheibe. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.


LACAN, Jacques. Seminário - Livro XXII: RSI. 1975. Disponível em: http://lacanempdf.blogspot.com/search?q=rsi. Acesso em: 2022.


LACAN, Jacques. Seminário - livro XII: problemas cruciais para a psicanálise. Traduzido por Claudia Lemos e outros. Recife: Centro de Estudos Freudianos de Recife, 2006.


LACAN, Jacques. Seminário - Livro I: os escritos técnicos de Freud. Traduzido por Betty Milan. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.


LACAN, Jacques. Seminário - Livro XX: encore. Traduzido por Analucia Teixeira Ribeiro. Rio de Janeiro: Escola da Letra Freudiana, 2010.


NASCIMENTO, Dax. A história filosófica do Amor. História filosófica do amor: ensaio para uma nova compreensão da essência do amor humano. Natal, RN: EDUFRN, 2019. Disponível em: http://repositorio.ufrn.br. Acesso em: 2022

[1]Hainamoration: junção de haine (ódio) e énamoration (enamoração), nova grafia proposta por Lacan, que mantém, em francês, a mesma sonoridade, introduzindo, no mesmo termo, amor e ódio. (N.T.) [2] ROUGEMONT, D. de. L'Amour et l'Occident. Paris: Plon, 1991. [3] GILSON, E. La Théologie mystique de Saint Bernard. Paris: Vrin, 1934. Cf. Anexo 5 desta Lição. [4] NYGRENS, A Éros et Agapê. Paris: Aubier, 1940. [5] D' ANVERS, H. Amour est tout. Paris: Téqui, 1984, e Écrits mystiques des béguines. Paris: Seuil,1985. [6] Significância, é o que tem efeito de significado. [7] Na lição de 12 de dezembro de 1972, em Encore, François Récanati trata a ex-sistencia : “Dizer que ele não existe, é também dizer que ele ex-siste como limite de qualquer inscrição e também como grão de areia na maquinaria de qualquer equação que quer igualar-se a 0 [zero], pois no tempo desse 'igual a 0', o 0 se produz como esse termo, e, a partir de então, ele pode ser confrontado a alguma outra coisa que se tomaria na equação que lhe deu origem, e que o singularizaria num outro conjunto mais geral, onde ele figurasse a título de um elemento.” (Lacan, 2010, p. 50). “É nesse pé que me apoio para produzir esse afastamento na linha superior do que coloco como 'ex-sistência', muito bem qualificada por Récanati de excêntrica à verdade. É entre o existe x simples (Ǝx) e o não existe x (¬Ǝx) que se situa a suspensão dessa indeterminação entre uma existência que se encontra por se afirmar e Ѧ mulher que, pode-se dizer, não se encontra, o que é confirmado pelo caso de Regina.” (Lacan, 2010, p. 221). [8] Neologismo de Lacan que une as palavras ciúme e gozo. [9] Neologismo de Lacan que une as palavras imagem e jorrar. [10] "Vi, com meus olhos e conheci bem um garotinho tomado pelo ciúme: ele ainda não falava e já contemplava, pálido, com uma expressão amarga, seu irmão de leite!" [11] Cessa de não se inscrever. [12] Não cessa, de se inscrever. [13] Lacan explora a homofonia entre rater (dar errado, malograr) e rat (rato). [14][...]o Real não poderia inscrever-se senão por um impasse da formalização. Foi por isso que pensei poder desenhar seu modelo pela formalização matemática, na medida em que ela é a elaboração mais avançada que nos foi dado produzir, a elaboração mais avançada da significância (Lacan, 2010, p.186)

* Texto apresentado pela autora nas Jornadas de Psicanálise do Instituto Vox de Pesquisa em Psicanálise, 2022. Biblioteca do Instituto Vox.


Marta Marciano, 2022

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